Através do prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2011/ Ministério da Cultura, a Cia Balé Baião de Dança Contemporânea de Itapipoca-CE estará celebrando seus 18 anos de atuação no estado circulando em três estados brasileiros no primeiro semestre de 2012, compartilhando da oficina de criação “Plásticas e poéticas da improvisação em dança”, do vídeo-dança “Tábua” e apresentando o espetáculo “Lamentos e gozos da Imperatriz de Itapipoca”. O nome dessa ação é Desbravadança: conexão Itapipoca/Ceará/Brasil. Essa Circulação tem como proponente a Associação de Artes Cênicas de Itapipoca (AARTI), entidade-mãe que agrega núcleos de dança, audiovisual e percussão no Ponto de Cultura Galpão da Cena de Itapipoca.

Cia Balé Baião

Atuante há 17 Anos em Itapipoca e litoral oeste do Ceará, a Cia Balé Baião vem desenvolvendo um trabalho pioneiro de pesquisa, criação, produção de Dança Contemporânea.

Formada por bailarinos-intérpretes-criadores, o Balé Baião apresenta um leque diversificado de atividades de cunho artístico e sócio-educativo que contemplam ações permanentes na cidade, localidades, cidades vizinhas, estado e país.
Atualmente a Cia é núcleo de uma entidade jurídica sem fins lucrativos chamada ASSOCIAÇÃO DE ARTES CÊNICAS DE ITAPIPOCA - AARTI, que tem como focos:
Promover o desenvolvimento e difusão da dança nas suas diversas linguagens;
Proporcionar aos seus associados e a comunidade assistida programas de capacitação, pesquisa, produção e difusão em artes cênicas nas suas diversas vertentes;
Estimular o intercâmbio com artistas e/ou grupos atuantes no estado do Ceará, Brasil e Mundo;
Criar, assessorar, apoiar e/ou promover mostras, festivais, encontros, oficinas, cursos, residências e fóruns de dança de âmbito local, estadual e nacional, em parceria com entidades, ONGs e empresas afins;
Com a entrada de Gerson Moreno no Colégio de Dança do Ceará (Instituto Dragão do Mar de Arte e Cultura), solidificou-se a possibilidade de se pensar uma dança com personalidade própria, nutrida de pesquisas coletivas desenvolvidas no litoral oeste do ceará, na cidade de Itapipoca. Desde então, foram muitos os laboratórios de criação e consequentemente os espetáculos produzidos e apresentados pela Cia Balé Baião, tanto no interior cearense como na capital, atingindo sobretudo, o público que não têm acesso a dança contemporânea.
O ponto alto das aparições da Cia se deu com a Bienal Internacional de Dança do Ceará, que desde sua primeira edição em 1997 absorve o interior cearense oferecendo oficinas, debates e mostras alternativas para coreógrafos e bailarinos Cias independentes. Em 2007 o Balé Baião foi selecionado para apresentar-se na programação oficial da bienal com o espetáculo “Advento do Ser, metáforas da inquietude” e em 2009 com o espetáculo “Sólidos”, que também, a convite da bienal, apresentou-se em Cabo Verde – África, na cidade de Praia, dentro da programação oficial de apresentações de espetáculos do Conexão Cabo Verde.
Dirigida por Gerson Moreno, a Cia Balé Baião apresenta em seu repertório espetáculos montados em processos colaborativos. A estética e dramaturgia dos trabalhos coreográficos do Balé Baião nascem de questões relacionadas ao Corpo Contemporâneo: suas inquietudes, ânsias, buscas e achados históricos, e se configura na cena através de experimentos constantes de improvisação corporal em solo e grupo a partir de jogos desenvolvidos pelo Balé Baião e de residências/ intercâmbios com artistas/ coreógrafos convidados.
Eis os principais espetáculos do Repertório da Cia Balé Baião:
Pátria Sertaneja (1997)
Etnia, o baião das três raças (1999)
Performance Pão para cinco pratos (1999)
Rebento, dançando o que restou... (2001)
Carne Benta (2003)
Intimidades (2004)
Sincronia Quebrada (2005)
Finitude (2006)
Advento do Ser (2006)
Advento do Ser, metáforas da inquietude (2007)
Remanescentes (2007)
Sólidos (2008)
Parágrafos e reticências (2009)
Em quatro compartimentos (2010)
Negrume (2010)
Lamentos e Gozos da Imperatriz de Itapipoca (2010)
Sobre aquilo que permanece (2011)


Formação técnica da Cia

A base de formação técnica dos intérpretes-criadores da Cia Balé Baião é plural. Todos os membros da Cia passaram por oficinas, cursos e residências ministradas por diversos professores, pesquisadores e coreógrafos, profissionais que se destacam nas áreas de investigação, ensino e produção de Dança e Performance no Ceará, Brasil e Mundo.

1. 1997: Teatro Físico (corpo e construção de movimento) via Movimento de Artistas da Caminhada (MARCA), com Gero Camilo, CE/ SP.

2. 1998: Dança Contemporânea (Jogos de criação, improvisação e acrobacia na dança) via Secretaria de Cultura do Estado (SECULT), com Acleilton Vicente e Silvia Moura, CE.

3. 2001: Dramaturgia na dança, um olhar de dentro (anatomia da dança e criação de movimento expressivo) via Bienal Internacional de Dança do Ceará, oficina ministrada por Valéria Cano Bravi e Lu Favoreto da Cia Nova Dança, RJ.

4. 2001. Oficina de Improvisação e composição (exercícios e jogos de criação em solo e duo através do sistema Laban - Alemanha) via Bienal Internacional de Dança do Ceará, ministrada por Diane Elshout e Frank Handeler, Alemanha.

5. 2003: Oficina de Danças Tradicionais Nordestinas (Frevo e Cavalo Marinho) com a dançarina e atriz Rosane Almeida (esposa de Antônio Nóbrega) – PE, na Bienal Internacional de Dança do Ceará.

6. 2003: Técnica de Martha Graham (Dança Moderna Americana) via Instituto Dragão do Mar, com Rosa Primo, diretora da Faculdade de Dança do Ceará.

7. 2004: Introdução ao Balé Clássico (Método Vaganova) via Instituto Dragão do Mar, com Flávio Sampaio, CE.

8. 2005: Curso de capacitação em dança cênica (Danças Tradicionais Populares, Consciência Corporal e Composição Coreográfica), via Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e Instituto Dragão do Mar, com Possidônio Montenegro, Edileusa Inácio e Gerson Moreno, CE.

9. 2008: Residência de Vídeo-dança, (História do cinema, história do vídeo-dança, técnicas de vídeo-dança, produção, edição e mostra de vídeos-dança da Cia Balé Baião), via Terceira Margem, encontro de Par em Par da Bienal Internacional de Dança do Ceará com Alexandre Veras da ONG Alpendre, CE.

10. 2009: Curso de Dança Moderna, técnica de José Limon, via pró-dança (Associação de bailarinos, coreógrafos e professores de dança do Ceará), com Thaís Andrade, CE.

11. 2009: Residência de Teatro Físico com os Los Corderos, Espanha, dentro da programação de aniversário dos 100 Anos do Teatro José de Alencar, no evento Zona de Transição, Fortaleza - CE.

12. 2009: Residência Internacional de Contato-improvisação com a Cia de Dança da Finlândia As2wrists, através do Ministério de Relações Exteriores da Finlândia e Bienal Internacional de Dança do Ceará.

13. 2009: Residência de Sistema Laban (composição coreográfica e dança-educação) com a doutora e coreógrafa Isabel Marques – SP, via Festival Nacional de Dança do Litoral Oeste – CE.

14. 2010: Oficina de Dança afro contemporânea (técnicas de improvisação em solo e em contato a partir dos códigos de dança afro brasileiro) via Encontro Nacional dos Pontos de Cultura “Teia Cultural”, com a bailarina, coreógrafa e doutora Kiusam de Oliveira - SP.

15. 2010: Residência de Performance Contemporânea com Marcelo Evelin (PI) via Ações formativas do MINC-FUNARTE, Festival de Dança do Litoral Oeste.

16. 2010: Residência de Composição Coreográfica com Lia Rodrigues (RJ) por ocasião do CIRCULADANÇA no interior, ação da Bienal Internacional de Dança do Ceará em parceria com a Cia Balé Baião.

17. 2010: Oficina de Butoh (Taanteatro) com Maura Baiocchi (SP) por ocasião do CIRCULADANÇA no interior, ação da Bienal Internacional de Dança do Ceará em parceria com a Cia Balé Baião.

18. 2011: 2ª. Residência Internacional de Contato-improvisação com a Cia de Dança da Finlândia As2wrists, através do Ministério de Relações Exteriores da Finlândia e Bienal Internacional de Dança do Ceará.

19. 2011: Laboratório Escrita do Movimento e interferência na cidade, com Joubert Arrais, mestre e crítico em dança (CE), em colaboração com o Centro de Pesquisa em Movimento (CEM) de Portugal.

20. 2011: Oficina Potencialização do Corpo na Cena com Carlos Simioni (Grupo LUME – SP) através do CIRCULADANÇA, ação da 8ª Bienal Internacional de Dança no Interior em parceria com o Ponto de Cultura Galpão da Cena de Itapipoca.


Circulação da Cia>>
Ceará

Circuito Ceará de Cultura (Sebrae/ Sobral e Tianguá):
Espetáculo: “Carne Benta” – De 2003 a 2004;

Festival Nacional de Dança do Litoral Oeste, Itapipoca, Trairi e Paracuru:
Espetáculos: “Finitude, sobre o tempo e a eterna idade”, “Pátria Sertaneja” e “Sólidos” – De 2006 a 2007;

Mostra de Solos e Duos de Trairi-CE:
Espetáculos autorais dos intérpretes-criadores da Cia: “Singularidades”, “Na sala de espera”, “Ritual”, “Meninos e homens” e “Amores difíceis” – De 2005 a 2006;

Mostra de Dança de Paracuru-CE:
Espetáculos: “Carne Benta” e “Sincronia quebrada” – De 2004 a 2005;

Mostra de Artes Cênicas de Itapipoca “Intenções”:
Espetáculos: “Advento do Ser Solo”, “Universo Paralelo”, “Finitude”, “Anunciação”, “Estética”, “Armários e despedidas”, “Remanescentes”, “Advento do Ser, metáforas da inquietude”, “Humana-idades”, “Meninas e mulheres”, “Maquinaria”, “Releituras de 06 solos de Gerson Moreno em tributo aos seus 20 anos de arte”, “Menino não chora” – De 2006 a 2009;


Festival Nacional de Dança do Cariri: Espetáculos “Cumplicidade na
contramão” e o “Lamentos e gozos da Imperatriz de Itapipoca” (Interferência de rua e espetáculo para o palco cênico) – Juazeiro do Norte (Centro Cultural Banco do Nordeste), Abril de 2010 e 2011;

Teatro José de Alencar:
Projeto ABRACADABRA – Espetáculos: “Rebento”, “Advento do Ser” e “Sólidos” – 2004, 2006 e 2008;

Projeto Teatro de Portas Abertas – Espetáculos: “Finitude”, “Carne Benta”, “Parágrafos e reticências” – De 2006 a 2009;

Mostra Zona de Transição – Solo “Cumplicidade na contramão”: 2009;

Aniversário do Teatro José de Alencar – Espetáculo “Humanidades”: 2008;

Circuito Itapipoca no TJA – Espetáculo “Lamentos e Gozos da Imperatriz de Itapipoca”: 2011.

Centro Cultural Dragão do Mar:

Projeto Quinta com Dança – Teatro do Dragão do mar.
Espetáculos: “Etnia, o baião das três raças”, “Carne Benta, o bailado do divino-profano”, “Intimidades”, “Finitude, sobre o tempo e a eterna idade”, “Meninos e homens”, “Advento do Ser, metáforas da inquietude”, “Sólidos” e “Em quatro compartimentos” – De 2000 a 2010;

Bienal Internacional de Dança do Ceará – Teatro do Dragão do mar e Anfiteatro do Dragão do Mar.
Espetáculos: “Carne Benta, o bailado do divino-profano”, “ Sincronia quebrada”, “Advento do Ser, metáforas da inquietude” e “Sólidos” – 2003, 2005, 2007 e 2009;

Centro Cultural Bom Jardim:
Projeto Sexta com Dança – Teatro do Bom Jardim. Espetáculos: “Advento do Ser, metáforas da inquietude” e “Sólidos” – De 2007 a 2009;

Banco do Nordeste:
Bienal Internacional de Dança do Ceará – Centro Cultural Banco do Nordeste. Espetáculo: “Advento do Ser, metáforas da inquietude” – 2007;
Sesc Iracema:
Projeto Terça se Dança – Teatro do SESC. Espetáculos “Advento do Ser Solo”, “Meninos e homens”, “Maquinaria”, “Pátria Sertaneja” e “Cumplicidade na contramão” – De 2006 a 2009;

Sesc Emiliano Queiroz:
Projeto Terça se Dança – Teatro do SESC. Espetáculos: “Bonança, corpo e água em poesia” – 2005;


Teatro das Marias:
Bienal Internacional de Dança: Terceira Margem, encontro de Par em Par. Performance experimental em processo do “Sólidos” – 2008;

Centro de Convenções:
Mostra do Jornal o Povo “Vida e Arte”, programação de dança. Espetáculo: “Advento do Ser Solo” – 2005;

Brasil

Estádio do Mané Garrincha, Brasília – DF:
Festival Nacional do Nordeste, espetáculo “Remanescentes” - 2007;

Teatro de Dança, São Paulo:
Participação de Gerson Moreno no espetáculo de Isabel Marques “Ares Familiares” na programação do Plataforma Dança de São Paulo, por ocasião do intercâmbio Balé Baião e Caleidos via Festival de Dança do Litoral Oeste - 2009;
Encontro de Solos verbais e não verbais SOLUS, Ipatinga – MG:
Único solo nordestino na programação oficial do SOLUS Ano II: Performance “Cumplicidade na contramão” de Gerson Moreno, Centro Cultural Usiminas;

África

Cidade de Praia – Cabo Verde

Em Janeiro de 2010, a Cia Balé Baião apresentou o espetáculo “Sólidos” no evento internacional Conexão Cabo Verde/ África, via Bienal de Dança do Ceará, ação promovida em parceria governo do estado do Ceará (SECULT) e governo de Cabo verde

Premiações>>

A Cia Balé Baião foi agraciada com quatro premiações estaduais via Edital de Incentivo às Artes, ação da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (SECULT) que contemplou suas atividades de pesquisa e produção coreográfica:
1a. Premiação – Área: Pesquisa de linguagem em dança. Título: “A poética da Improvisação” (2004).
Através dessa premiação a Cia organizou um cronograma de experimentações práticas e teóricas que originou a sistematização de exercícios de aquecimento, criação corporal e composição coreográfica do Balé Baião.
2a. Premiação – Área: Montagem de espetáculo. Título: “Finitude, sobre o tempo e a eterna idade” (2006).
Trabalho livremente inspirado no livro de Rubem Alves “Sobre o tempo e a eterna idade”, estreou no Projeto Quinta com Dança, no Centro cultural Dragão do Mar e circulou no interior cearense em mostras e eventos culturais.
3ª. Premiação – Área: Montagem de espetáculo. Título: “Advento do Ser, metáforas da inquietude...” (2007).
Espetáculo filosófico, discute as buscas humanas por respostas. Foram 05 meses de processo de estudos e vivências para se estrear na Mostra de Artes Cênicas Intenções, em Itapipoca – CE. O espetáculo ficou em cartaz no Quinta com Dança do Dragão do Mar, no Centro Cultural Bom Jardim e na Programação Oficial da Bienal de Dança do Ceará.
4ª. Premiação – Área: Circulação de espetáculo. Título: “Advento do Ser, metáforas da inquietude” (2008).
O prêmio favoreceu a circulação do espetáculo em cinco cidades do interior cearense: Paracuru, Sobral, Tururu, Trairi e Paraipaba, cidades que possuem Cias de dança contemporânea e escolas de dança que se afinam com a Cia Balé Baião desde a década de noventa, dentre elas a Escola de dança de Paracuru e a Escola de Artes de Trairi. Além da apresentação do espetáculo, a Cia ministrou uma oficina de contato-improvisação para artistas locais a partir da técnica desenvolvida no Balé Baião.
5ª Premiação – Área: Ponto de Cultura do estado do Ceará. Título: “Galpão da Cena de Itapipoca” (2011).
Contemplada pelo 2° Edital de Ponto de Cultura da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (SECULT) a Cia Balé Baião, núcleo da Associação de Artes Cênicas de Itapipoca – AARTI, terá apoio financeiro durante três anos para dar prosseguimento, ampliar e difundir as atividades desenvolvidas em sua sede, o Galpão da Cena, tais como: Núcleo de Formação em dança para adolescentes, núcleo de pequisa e produção de vídeo-dança, núcleo de percussão e tradições afro-brasileiras, núcleo de produção, empreendorismo e captação de recursos e núcleo de confecção de figurinos e adereços para a cena.

Núcleos de extensão>>

Os Operários-dançarinos:
O núcleo de Operários-dançarinos da Empresa DASS é um projeto da Cia Balé Baião que integra funcionários-colaboradores da empresa de calçados DASS, filial de Itapipoca, em torno de vivências em dança contemporânea tendo como foco a emancipação do “corpo comum” via prática de criação individual e coletiva. O núcleo de Operários-dançarinos também circula com espetáculos na cidade, região e capital desde 2008 com performances para locais abertos.
Em sua trajetória já se apresentou no SESC Iracema com o espetáculo “Maquinaria” dirigido por Gerson Moreno, na Mostra de Artes Cênicas “Intenções” de Itapipoca com o mesmo trabalho, no Festival de Dança do Litoral Oeste com o “Tá na Hora” dirigido por Edileusa Inácio e no Teatro José de Alencar com o “Dizeres Operários” na culminância da residência de Gerson Moreno.
Corpos de trabalhadores comuns, operários das repetidas ações funcionais, homens e mulheres de fibra, conhecedores de “dores” e “prazeres” que marcaram mãos e pés com sinais que o tempo e a lembrança não apagam: dança-dores da sobre-vida!
Corpos dançantes residentes no interior do estado do Ceará, Litoral Oeste, Itapipoca (Do Tupi-guarani: pedra que estala, que faz barulho), “pessoas” antes de serem mão-de-obra, “sensibilidade” à flor da pele, do osso e do músculo antes de serem “assalariados”, “criadores” antes de serem adeptos de ofícios e rotinas.
Operários que se fazem intérpretes-criadores se agregam em cena para falar sobre essências e poéticas que habitam e co-habitam lugares e pessoas, nutridos-inspirados nas suas próprias experiências, descobertas e perdas enquanto homens e mulheres que se movem funcionalmente no cotidiano do trabalho, no dia-a-dia do bairro, da esquina e rua.
O espetáculo “Dizeres Operários”, mais recente trabalho dos operários-dançarinos dirigido por Edileusa Inácio, é uma fala coletiva, um eco comum nascido de divisões e partilhas, de descobertas desenvolvidas através de jogos de contato-improvisação onde os intérpretes exercitaram sobretudo a escolha e a autonomia na dança, o conflito cênico e a verdade expressiva do gesto. Falar sobre o indizível em épocas de frases feitas, de palavras pré-meditadas e previsíveis é um exercício de soberania da arte, especificamente um ato de redenção do corpo. A abstração do movimento nos faz transcender para espaços além do imediatismo e do racional, e proporciona pela sua “intervenção estética” rompimentos com os dizeres impostos e padronizados pelo sistema capitalista. O contexto é de violência sonora, frases que invadem agressivamente os ouvidos e corpos do cidadão, tanto na capital como no interior.
A ânsia é de falar o que precisa ser dito, de dizer o que nunca mais foi pronunciado, de escrever em parágrafos infinitas narrativas sem começo, meio e fim, somente metáforas, palavras-movimentos geradas por temas urbanos e interioranos. O espetáculo acontece a partir do diálogo entre os intérpretes que vivenciam em cena divisão de peso, acoplamentos, conduções e sustentações. Dialogar é o norte central, conversar corpo-a-corpo, escutas e pronunciamentos objetivos a cada novo instante, olhos focados na parceria e no espaço, dizer e contradizer de “corpo presente” contra qualquer possibilidade online. Desligar o MSN (por alguns instantes) e ligar-se ao outro na poética de uma possível sociabilidade: tribo ancestral.
Atualmente o Núcleo de Dançarinos-operários é dirigido por Edileusa Inácio, pedagoga e professora de dança da Cia Balé Baião. Funciona duas vezes por semana dentro do horário de trabalho da própria empresa.

A ESCOLA DE DANÇA E O BALÉ BAIÃO JOVEM

Desde 2005 a Cia Balé Baião abriu suas portas para formar adolescentes na área de dança cênica, priorizando sobretudo os jovens residentes na periferia da cidade que almejam estudar e aprofundar dança para serem multiplicadores junto a comunidade em que estão inseridos. O foco maior é desenvolver através de vivências técnicas e teóricas a dança da autonomia, onde o jovem seja criador e intérprete de sua dança particular e coletiva, protagonista de novas histórias através da construção de uma consciência cidadã, política e empreendedora, e de uma prática sócio-afetiva transformadora onde ética, respeito à diversidade e senso de colaboração são os alicerces pedagógicos.
A partir dos princípios defendidos por Paulo Freire (pedagogia do oprimido) e Isabel Marques (dança no contexto) a equipe de professores da Escola de Dança planeja e avalia sua atuação metodológica. A equipe é formada por pedagogos e educadores físicos que atuam em sistema de rotatividade a partir de áreas-linguagens específicas a serem aprofundadas no mês.
Semanalmente os jovens têm acesso a aulas práticas e teóricas de diversas técnicas e linguagens de dança, destacando as aulas de consciência corporal, danças tradicionais populares, hip hop, dança afro-brasileira, dança contemporânea, contato-improvisação, teatro físico, percussão corporal, performance, interferência urbana, vídeo-dança e composição coreográfica. A base de formação prioritária e permanente é a dança contemporânea, especificamente o contato-improvisação.
De 2005 para 2011 são diversas os projetos e realizações da Escola Balé Baião que merecem destaque:
Projeção de ex-alunos do Balé Baião na área do ensino da dança no município de Itapipoca e região;
Atuação de alunos e ex-alunos do Balé Baião em diversos setores da sociedade, incluindo empresas, escolas públicas e particulares, dentre outros, não somente como artistas, também como lideranças de grupos;
Montagem e circulação de espetáculos de dança em espaços públicos, escolas, eventos municipais, manifestos e mostras.
Entre esses espetáculos destacam-se no repertório:
1. Ocupação e delírio (2006);
2. Maracatudo (2006);
3. Armários e despedidas (2007);
4. Humana-idades (2008);
5. Corpo em cor (2008);
6. Aborrescentes (2009);
7. Pátria Sertaneja/releitura (2009);
8. Estética (2010);
9. Menino não dança (2010);

O GALPÃO DA CENA: CRIAÇÃO e COMPARTILHA
O Espaço “Galpão da Cena”, antiga serraria do bairro Coqueiro, é atualmente a sede da Cia Balé Baião de dança contemporânea. Há sete anos desenvolve um trabalho continuado de ensino, pesquisa, produção e circulação de dança através do Núcleo “Balé Baião Jovem” formado por adolescentes de cinco bairros periféricos da cidade. No galpão é oferecido semanalmente para 80 adolescentes e jovens entre 14 e 24 anos, aulas de diversas técnicas de dança cênica, desde a moderna à contemporânea, oficinas de vídeo-dança, palestras e debates sobre temas emergentes relacionados ao cotidiano do jovem, tais como “Mundo do Trabalho”. Também acontecem mostras abertas de filmes de arte e dança, espetáculos e instalações com a participação de grupos locais e de outras cidades da região no Projeto de Formação de Plateia “Arte Caseira”. Todas essas ações são ministradas e coordenadas voluntariamente pelos professores e pedagogos da Cia Balé Baião. Atualmente o Galpão da Cena é PONTO DE CULTURA do estado do Ceará, região do Litoral Oeste – Vale do Curu.

FOCOS DO GALPÃO
. Potencializar as ações desenvolvidas pela Cia Balé Baião junto aos adolescentes, jovens e famílias da periferia de Itapipoca, proporcionando permanente formação técnica em dança, performance e artes audiovisuais, oficinas profissionalizantes, apreciação artística através de mostras de vídeo, apresentações de espetáculos, exposições de artes visuais e instalações;
. Agregar e articular adolescentes e jovens no projeto de formação em dança Balé Baião Jovem, vídeo-dança, percussão afro-brasileira, produção e eventos e empreendedorismo;
. Formar platéia e difundir as produções dos jovens dançarinos em circuitos mensais de apresentações de dança nos bairros periféricos da cidade, distritos, localidades e cidades vizinhas;
. Intensificar intercâmbios e residências artísticas com grupos e coletivos, estaduais, nacionais e internacionais.